terça-feira, 12 de outubro de 2010

Mais um pouco da história "nada limpa" do Presidente do Conselho fiscal do Flamengo ...


Apenas repassando, pois vale a pena ler ...


Torcida de cartola e porrete

Tom Cardoso

Foi-se o tempo em que torcida, no futebol, era sinônimo inconfundível de apoio. Hoje, torcedor pode significar até ameaça – explícita ou velada –, chantagem e exploração parasitária do clube que, teoricamente, ama. O episódio das agressões físicas a jogadores do Flamengo, que corre o risco de cair para a Segunda Divisão, é apenas a ponta de um iceberg de comportamentos pouco ortodoxos. No próprio Flamengo, o campo de ação das chamadas torcidas organizadas vai muito além das arquibancadas.

São desvios que ocorrem em torno da maioria dos grandes clubes, mas que no Flamengo, o de maior torcida, ganha contornos bem nítidos. A torcida organizada Jovem Fla, por exemplo, influi diretamente nas decisões da diretoria (controla 20% do Conselho Deliberativo do time carioca) e tem influência também sobre todo o elenco de jogadores. Como em outros clubes, os craques entram no jogo de contribuições para festas, churrascos, viagens e até enterro de torcedores. Em troca, recebem aplausos durante jogos e treinamentos e ganham moral na hora de renegociar salários e contratos com a diretoria.

“A maioria dos atletas contribui para as nossas festas e viagens. Não vejo problema nenhum nisso”, declara Capitão Léo, conselheiro da Jovem Fla e hoje um dos oito vice-presidentes da Federação de Futebol do Rio de Janeiro. “Quando o Romário jogava no Flamengo, ele ajudou na minha campanha para presidente do clube doando 500 camisetas”.

Dirigente de futebol do Flamengo em 1999, Capitão Léo foi decisivo no afastamento do ex-goleiro Gilmar Rinaldi, na época contratado como superintendente de futebol. Gilmar diz que sofreu coação e perseguição: “Quando cheguei no Flamengo tentei desmontar essa máfia montada pelas uniformizadas. Era um oba-oba: sorteios de rifas estranhos, bingos, tudo irregular, feito com a permissão da presidência, que tinha interesses em manter tudo aquilo, pois contava com apoio político dos dirigentes de torcida”, conta Gilmar. “Achava um absurdo jogador dar dinheiro para torcedor. Até fui obrigado a dar a minha caixinha, mas me recusei e acabei perseguido”.

Atualmente, mesmo não fazendo mais parte da diretoria, Capitão Léo continua dando as cartas. Recentemente, ele comandou a aprovação de contas no conselho fiscal do clube, o que deu novo fôlego ao atual presidente Edmundo dos Santos Silva, que está sendo acusado pela CPI do Futebol no Senado de irregularidades na transação do sérvio Petcovic, uma das estrelas do clube. “A Jovem Fla foi responsável por 32 dos 146 votos que o presidente teve a favor no conselho. Se não fosse a gente as contas do Flamengo não seriam aprovadas”, revela o diretor de torcida.

Também foi com o apoio da Jovem Fla que Edmundo foi reeleito presidente do clube no fim do ano passado. Além de garantir centenas de votos dos sócios-torcedores, o cartola contou com o forte poder de “persuasão” da turma do Capitão Léo como relata Izrael Gimpel, repórter esportivo há 45 anos, hoje trabalhando na Rádio Jovem Pan no Rio de Janeiro. Eles intimaram e ameaçaram vários sócios do Flamengo, principalmente os mais velhos, que ficaram com medo de comparecer no dia de votação”, conta Gimpel. Dos 7.300 sócios apenas 2.367 compareceram para votar para presidente do Flamengo.

Por que uma torcida uniformizada seria tão fiel e devotada a um presidente acusado de corrupção e que corre o risco de levar o Flamengo para o rebaixamento. “As uniformizadas recebem uma gorda gratificação da presidência. Isso inclui, além de uma ajuda mensal em dinheiro, ingressos e passagens de ônibus’, diz Gimpel. “O Flamengo virou a casa da mãe joana”.

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