quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Dois textos muitíssimos interessantes para a Nação ler ......


Mudança de Hábito

Fonte: http://www.ricaperrone.com.br/2013/01/mudanca-de-habito/

É um novo tempo no Flamengo. Lá, onde reinava a bagunça, dizem que agora reinará o profissionalismo.  Ali onde uma torcida tinha um time inverte-se tudo e o clube passa a cuidar de sua torcida.

Promessas, idéias, expectativa e fé. Um novo Flamengo está sendo desenhado, mas é preciso que os hábitos também sejam.

Sábado a noite Love deixou o Flamengo. Em explicação pouco detalhada mas aceitável ficou claro que existia uma diferença entre o que o clube quer pagar e o que o Love/CSKA tem a receber. Assim sendo, quando surgiu a oportunidade de “zerar” mais uma dívida, o clube aceitou. Love, que não pode aceitar redução pelo mesmo motivo que você não aceitaria em seu emprego, foi embora.
Imediatamente surgem mil perguntas sobre. E em todas elas busca-se um vilão.

‘Quem errou?’. “Ah essa diretoria nova…”. “Cade o amor, Love?”, entre outras piadinhas e insinuações não muito inteligentes, mas aceitáveis diante do tema.
Porque não é uma das opções viáveis que ninguém tenha errado e que tenha sido apenas um acordo sem vítimas e vilões?

Porque é necessário colocar um fim de contrato dentro de um contexto político, ao mesmo tempo apelar para o lado sensível do jogador e caçar um problema em meio a uma solução?

O Flamengo não tem dinheiro, aliás, há mais de 30 anos não tem. Agora, onde todos depositam as esperanças numa gestão mais cuidadosa, é hora de entender decisões como estas e não caçar vilões a troco de manchetes que torcedores não darão na segunda feira.

Quem errou, afinal?

Ninguém. Me parece uma troca simples de interesses. O Flamengo não pode pagar, o Love tem oferta pra voltar, então que fiquem todos felizes e acabou o amor.

Porque toda ação no futebol envolve um vilão necessariamente?

É preciso mudar de dentro pra fora mas, também, de fora pra dentro.

O Flamengo é um barril de pólvora. Não seja tonto de entrar na pilha e jogar um fósforo ali. A mídia quer noticiar o incêndio, não ajude a causa-lo.

abs,
 
RicaPerrone



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O Negócio do Flamengo São os Negócios.



por Arthur Muhlenberg |

Agora à noite me aconteceu um negócio muito esquisito. Tava dormindo tranquilão, roncando de luz acesa e com a televisão ligada quando fui despertado por uma voz. Uma voz conhecida, mas que na hora não consegui identificar. Abri os olhos, tateei o lençol até encontrar o controle remoto e desliguei a máquina de fazer doido. Apaguei a luz e tentei voltar a dormir.

Mas a voz continuava a falar, fantasmagórica, assustadora e sem rosto. E agora eu percebia que a voz falava comigo. Eu, que tenho medo de filme de espírito, obviamente perdi o sono na hora, cheio de cagaço. E a voz lá falando comigo.

- Ei, Arthur, acorda! Arthur, presta muita atenção no que eu vou te dizer.

Ô droga, a voz sabia quem eu era. E, peraí, eu também conhecia aquela voz. Era a voz do Wolverine, que é a mesma voz do Esqueleto do He-Man. Caraca, eu sabia quem era o dublador que fazia aquelas vozes. Que porra seria aquela? Achei que podia ser alguma espécie de pegadinha, sei lá. Resolvi responder, ainda cheio de medo

- Ôi, quem tá aí? É o Isaac Bardavid? Que que tá acontecendo?

- Preste muita atenção, Arthur. Eu preciso que você transmita uma mensagem da maior importância.
Nessa altura eu já tava de pé, com todas as luzes do quarto acesas e empunhando uma raquete elétrica de matar mosquito como se fosse um machete.

- Mas que papo é esse de mensagem? Quem é que tá falando? É o Isaac? Onde é que você está escondido?

- Arthur, tranquilize-se. Eu não sou Isaac Bardavid. Sou a voz da verdade. E agora preciso de você.
Precisa de mim? Porra, a voz tava me estranhando. Imaginem o Wolverine gay a fim de você? Ruim, né? Agora imaginem o Wolverine gay a fim de você dentro do seu quarto? Pânico total, comecei a suar frio, eu estava bem no meio de uma assombração clássica com tendências homo. Me encostei na parede antes de fazer contato novamente com a voz fantasmagórica.

- Quem é você, o que você quer? E se liga que eu sou espada.

- Sou a voz da verdade. E preciso de você Arthur. Preciso que você diga a verdade aos rubro-negros. E não é fácil, porque os rubro-negros não estão interessados na verdade.

- Verdade aos rubro-negros? Mas por que eu? Por que eu?

- Porque você tem um blog bombado no globo.esporte.com, imbecil! E preciso que você conte a verdade.

- Olha só, na boa, se for alguma parada de religião é melhor não. Esse negócio é muito complicado…

- Cale-se, Arthur! Não trago uma verdade religiosa, isso aqui não é um remake de baixo orçamento da sarsa ardente. Você não está sendo escolhido, ungido ou atendendo a um chamado. Você não é Moisés. É só um mensageiro que tem um blog.

- Você tá de brincadeira. O que é que eu tenho a ver com a verdade? Me inclui fora disso. Combinei com os editores que ia evitar assuntos polêmicos. Me libera aê…

- Não se preocupe com a verdade. Eu colocarei as palavras em sua boca, você só precisa digitar.
Que mané verdade. Chuta que é macumba. Depois dessa mandei a voz do Wolverine à puta que a pariu e resolvi eu mesmo escrever sobre os últimos emocionantes acontecimentos no mundo mágico do Mengão. Prometo que serei sucinto.

Vagner Love não foi perdido pro CSKA. Usemos os termos exatos. Vagner Love foi devolvido ao clube de origem. E à pedidos. Em respeito às suas inúmeras viúvas não soltarei foguetes, mas ontem, ao saber da boa nova, paguei cerveja pra geral que me encontrou no Simpa da Gávea.
A despeito da sua correria em campo, Vagner Love ficou devendo nessa segunda passagem pelo Flamengo. Me permitam um breve histórico. Love foi uma contratação emocional de Patrícia Amorim, um tapa buraco com sobrepreço pra dar satisfação à torcida depois da ridícula perda de Thiago Neves pro Flor.
Correu, lutou, fez alguns gols, perdeu milhares de outros e amargou longos períodos de seca. Além de manter a sua incrível marca de zero voltas olímpicas na 1ª Divisão Love ainda se complicou no Flamengo e angariou antipatias com seu envolvimento nas façanhas políticas da ex-presidente. Participou irregularmente da sua campanha para vereadora, prática vedada estatutariamente aos funcionários do clube, e ainda se deu ao luxo de ameaçar deixar o Flamengo no caso de Patrícia não conseguir a reeleição no clube. Apaporra, abusou demais.

Claro que muita gente vai dizer que foi uma bola fora da nova diretoria, que Love era o melhor do elenco e outros blábláblás felizmente agora inócuos para reverter a transação com o CSKA. Foi uma boa. Love custou mais do que devia, recebia mais do merecia e, na opinião de quem está empunhando a caneta na Gávea, seu futebol não vale o sacrifício de um conceito gerencial. Como profeticamente disseram Beto Gago e Zeca Pagodinho em Se Eu For Falar de Tristeza, se a mulher foi embora é porque o amor acabou. Área!

Não satisfeitos em consignar esse golaço, os galácticos executivos fechados com o certo resolveram dar espetáculo e conseguiram nesse domingo sem jogo do Flamengo o que parecia ser impossível: negociar (se livrar, despachar, desovar) o Wellinton. No happy hour da Gávea ouviram alguém se gabando em uma mesa: – Comprar o Ronaldinho é mole. Quero ver é vender o Wellinton. O Gustavo Geladeira que se cuide pra não acabar sendo vendido pra um time do Alaska. Vendedor capaz dessa proeza nós já temos.

Meus chapas, não se deixem levar pelo amargo canto dos catastrofistas que já anteveem não somente um péssimo desempenho do Flamengo no carioqueta como também seu iminente rebaixamento no Brasileiro. Só porque o Flamengo livrou-se de despesas que estavam muito acima da sua real capacidade de pagamento. Quem quer fazer rir tem que fazer os outros rirem.

Tenho certeza que com essas duas descontratações tem gente no clube e na Magnética que vai rir até o fim do mês. Principalmente se dessa vez o mês terminar mesmo no dia 30.


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