sábado, 19 de outubro de 2013

Mais uma matéria muito interessante para ler e avaliar...

O ranking das gratuidades no Rio de Janeiro



por Vinicius Paiva |


Há muito que os times do Rio se insurgem contra legislações que os prejudicam no tocante às receitas de bilheteria. Num primeiro momento surge a “lei da meia-entrada”, cuja abrangência nacional dá aos estudantes direito a 50% de desconto em eventos culturais e esportivos. Embora não seja uma chaga exclusivamente carioca, as meias encontram no Rio um de seus principais redutos. Ao menos nestes casos existe alguma receita. Já a “lei das gratuidades” tem abrangência quase que exclusivamente fluminense*, impactando de maneira decisiva em bilheterias e na média de público dos times do estado. Beneficiam-se pessoas acima de 60 anos, crianças de até 12 anos e portadores de necessidades especiais. Sem contar os proprietários de cadeiras cativas.

*Em Pernambuco, categorias de ex-jogadores e ex-árbitros possuem direito a gratuidades.

Para mensurarmos o tamanho do rombo ocasionado pelos benefícios, solicitamos ao sempre atento e competente Julio Cesar Cardoso, do FutDados, um levantamento exclusivo com o número de gratuidades em partidas de Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco. Os números são surpreendentes.




Clube que mais se utilizou do Maracanã, o Fluminense é o grande campeão dos não-pagantes neste Brasileirão: média de 4.515 por partida. O ticket médio do último jogo (R$ 18) representaria um prejuízo de mais de R$ 81 mil, mesmo após os generosos descontos que incidiram sobre os ingressos do Tricolor. O déficit seria arcado pelo clube ou o Consórcio de acordo com o local da arquibancada.

Em segundo aparece o Botafogo, com média de 3.295 gratuidades, seguido pelo Flamengo (2.849). Os números rubro-negros são inferiores pela maior utilização do estádio Mané Garrincha, onde a abundância de gratuidades é substituída pela farra das meias-entradas. Mas com um preço médio superior, os prejuízos da dupla são maiores. No clássico Botafogo 2 x 1 Flamengo, 8.002 gratuidades deixaram de injetar R$ 448 mil (ticket médio: R$ 56). No primeiro turno, Flamengo 1 x 1 Botafogo registrou o recorde de gratuidades do Novo Maracanã: 13.508.

O último na lista é o Vasco (2.391 gratuidades), com utilização proporcional superior à do Flamengo. O percentual por clube ficou assim:




Por estádios:




O Maracanã é o estádio onde se distribui o maior número de ingressos, mas o percentual de São Januário (24,80%) é ligeiramente superior. Ambos perdem para o absurdo do estádio Raulino de Oliveira, em Volta Redonda. Por lá, 40,23% dos torcedores entraram de graça em dois jogos do Botafogo e dois do Vasco.
Além da inestimável perda de receitas, as gratuidades distorcem a estatística oficial do campeonato. A média de público do Brasileirão só contempla o público pagante, quando na realidade existem mais torcedores nos jogos dos cariocas:



Na hipótese de cada “torcedor gratuito” pagar pelo ingresso, o Flamengo seria o líder de público do Brasileirão (27.370), desbancando os 26.057 do Corinthians e os 25.810 do Cruzeiro. Fluminense (18.742), Vasco (16.068) e Botafogo (15.997) subiriam para sexto, sétimo e oitavo lugares, à frente de Bahia, Coritiba e Goiás. Ocupando quatro das oito primeiras posições no ranking, aumentaria a preponderância do futebol carioca no cenário nacional.

Um grande abraço e saudações!

E-mail da coluna: teoriadosjogos@globo.com

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