Fla-Flu
Simplificação de Flamengo x Fluminense, é o termo utilizado no Brasil para a disputa, principalmente no futebol, entre os times cariocas do Clube de Regatas do Flamengo e do Fluminense Football Club. Este evento é um "derby" do futebol brasileiro, também batizado pelo jornalista Mário Rodrigues Filho, de "O Clássico das Multidões". O clássico bateu o recorde mundial de público de partidas entre clubes: 194.603 espectadores, na final do Campeonato Carioca de 1963,
vencida pelo Flamengo com um empate sem gols. É considerado por
especialistas em futebol e por grande parte da mídia esportiva como um
dos clássicos mais charmosos do mundo.
O primeiro Fla-Flu, em 7 de julho de 1912,
já deu uma noção do que seria a história deste clássico, pois mesmo o
Fluminense tendo perdido nove titulares que foram abrir o departamento
de futebol de seu rival, ganhou por 3 a 2 (primeiro gol
da história do Fla-Flu, de E. Calvert, do Fluminense, a um minuto de
jogo), marcando desde o início este confronto, como clássico de grandes
imprevisibilidades, de futebol alegre e ofensivo, festa de cores das grandes torcidas, praticamente um carnaval fora de época.
No dia 22 de outubro de 1916, o Flamengo vencia o Fluminense por 2 a 1 quando o árbitro R. Davies marcou um pênalti
contra o Fluminense. Rienner perdeu. Logo depois, o juiz marcou outro
pênalti contra o Fluminense. Sidney cobrou e Marcos de Mendonça
defendeu. O juiz mandou cobrar outra vez alegando que não havia apitado.
Sidney bateu e novamente Marcos de Mendonça defendeu. O juiz mandou
cobrar de novo, agora alegando que jogadores do Fluminense haviam
invadido a área. Foi aí que o escritor Coelho Neto e o Delegado de
Policia Ataliba Correia Dutra pularam a grade e correram para o campo.
Os torcedores também invadiram o gramado.
O regulamento do campeonato dizia que o jogo que fosse paralisada por
cinco minutos seria suspenso definitivamente. Como a paralisação
propositada foi além dos sete minutos, o jogo foi dado como anulado. Foi
a primeira anulação de um jogo de campeonato carioca. No dia 8 de
dezembro, no campo do Botafogo, foi realizada uma nova partida. O
Fluminense ganhou por 3 a 1.
Em 1925, a Seleção Carioca precisou ser convocada às pressas para disputar o Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais
e pela dificuldade de se reunir os jogadores dos diversos clubes,
optou-se por convocar apenas jogadores de Flamengo e do Fluminense, o
que inicialmente causou repúdio popular, com os amantes do futebol
referindo-se à aquele time não como Seleção Carioca mas como Combinado
Fla-Flu.
O primeiro Fla x Flu - 1912
Esta Seleção Carioca acabou campeã, o que mudou o sentimento popular
em relação a ela. Mário Filho teve então, a capacidade de transformar um
nome criado com uma imagem negativa, em nome próprio e marca registrada
deste grande clássico conhecida mundialmente, no ano de 1933.
O nome próprio deste clássico, Fla-Flu, foi dado pelo jornalista Mário Filho em 1933, quando procurava recursos para motivar o comparecimento das torcidas ao campeonato da recém criada Liga de Futebol.
O clássico carrega essa fama desde os tempos românticos do futebol
carioca e de um modo geral do futebol brasileiro, sendo posteriormente
eternizado pelo grande escritor, dramaturgo e poeta brasileiro Nelson Rodrigues, que disse:
O Fla-Flu surgiu quarenta minutos antes do nada.
Após assistir ao Fla-Flu da decisão do Campeonato Carioca de 1969 , o escocês Hugh McIlvanney, correspondente do jornal The Observer, fez o seguinte comentário do jogo, publicado no Jornal do Brasil:
"Enorme, esmagador, capaz de transformar em carnaval um espetáculo de
futebol, o Maracanã já é uma lenda. A realidade contudo, é muito maior. A
memória que em mim, ficará para sempre do Fla-Flu e, mais, do próprio
futebol brasileiro, será desta enorme, pungente, feliz experiência
humana".
Uma das parcerias econômicas que mais renderam frutos para o
desenvolvimento do futebol foi consumada em um Fla-Flu, em meados da década de 1970, quando João Havelange, então presidente da FIFA,
levou o presidente de uma multinacional de refrigerantes ainda
reticente para associar a imagem de sua empresa a esse esporte para ver o
grande clássico. Ao entrar no estádio o presidente desta multinacional
tremeu ao ver o colorido e ao ouvir o barulho das duas grandes torcidas,
momento em que o torcedor do Fluminense, João Havelange, usou o
argumento definitivo para a conclusão da parceria: "-Presidente, isto é o
futebol!"
Uma peculiaridade aconteceu em 1983 quando o Fluminense venceu o Flamengo por 1 a 0 com gol do meia Assis no fim do jogo, ficando dependendo de um tropeço do Bangu
- com quem o Fluminense no primeiro jogo do triangular empatou por 1 a
1. O Bangu enfrentaria o Fla no último jogo do campeonato. Mesmo já
eliminado, o time da Gávea venceu o jogo por 2 a 0, dando o título ao
Fluminense.
Fla-Flu já foi uma das pontes para a imortalização de jogadores como, do lado rubro-negro, Leônidas da Silva, Zico, Leandro e Júnior; já pelo lado tricolor, Rivellino, Telê Santana, Washington, e Castilho. Outros também brilharam por ambas as equipes, como Doval e Renato Gaúcho.
Ainda neste clássico encontraremos referências a grandes jogadores como Ézio, Assis, Romário, Sávio, Gérson, Romerito, Edinho e Nunes, entre outros jogadores importantes.
Em 2009, foi realizado o primeiro confronto entre Flamengo e Fluminense válido por uma competição internacional oficial. Na Copa Sul-americana, os times se enfrentaram logo na primeira fase em jogos de ida e volta, com os dois jogos sendo realizados no Maracanã. O primeiro jogo, com mando do Fluminense, terminou 0 a 0, e o segundo confronto também acabou empatado, desta vez em 1 a 1, gols de Roni, para o Fluminense e Denis Marques, para o Flamengo. Pela regra do gol fora de casa o Fluminense se classificou para a próxima fase e terminou a competiação como vice-campeão, perdendo a final para a LDU, do Equador.
Mesmo em tempos onde o futebol carioca passou por maus momentos, as
torcidas continuaram a se envolver nesse clássico por seu charme e
romantismo.
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