O ranking das gratuidades no Rio de Janeiro
Há muito que os times do Rio se
insurgem contra legislações que os prejudicam no tocante às receitas de
bilheteria. Num primeiro momento surge a “lei da meia-entrada”, cuja
abrangência nacional dá aos estudantes direito a 50% de desconto em
eventos culturais e esportivos. Embora não seja uma chaga exclusivamente
carioca, as meias encontram no Rio um de seus principais redutos. Ao
menos nestes casos existe alguma receita. Já a “lei das gratuidades” tem
abrangência quase que exclusivamente fluminense*, impactando de maneira
decisiva em bilheterias e na média de público dos times do estado.
Beneficiam-se pessoas acima de 60 anos, crianças de até 12 anos e
portadores de necessidades especiais. Sem contar os proprietários de
cadeiras cativas.
*Em Pernambuco, categorias de ex-jogadores e ex-árbitros possuem direito a gratuidades.
Para mensurarmos o tamanho do rombo
ocasionado pelos benefícios, solicitamos ao sempre atento e competente
Julio Cesar Cardoso, do FutDados, um levantamento exclusivo com o número de gratuidades em partidas de Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco. Os números são surpreendentes.
Clube que mais se utilizou do Maracanã, o
Fluminense é o grande campeão dos não-pagantes neste Brasileirão: média
de 4.515 por partida. O ticket médio do último jogo (R$ 18)
representaria um prejuízo de mais de R$ 81 mil, mesmo após os generosos descontos que incidiram sobre os ingressos do Tricolor. O déficit seria arcado pelo clube ou o Consórcio de acordo com o local da arquibancada.
Em segundo aparece o Botafogo, com média
de 3.295 gratuidades, seguido pelo Flamengo (2.849). Os números
rubro-negros são inferiores pela maior utilização do estádio Mané
Garrincha, onde a abundância de gratuidades é substituída pela farra das
meias-entradas. Mas com um preço médio superior, os prejuízos da dupla
são maiores. No clássico Botafogo 2 x 1 Flamengo, 8.002 gratuidades deixaram de injetar R$ 448 mil (ticket médio: R$ 56). No primeiro turno, Flamengo 1 x 1 Botafogo registrou o recorde de gratuidades do Novo Maracanã: 13.508.
O último na lista é o Vasco (2.391
gratuidades), com utilização proporcional superior à do Flamengo. O
percentual por clube ficou assim:
Por estádios:
O Maracanã é o estádio onde se distribui
o maior número de ingressos, mas o percentual de São Januário (24,80%) é
ligeiramente superior. Ambos perdem para o absurdo do estádio Raulino
de Oliveira, em Volta Redonda. Por lá, 40,23% dos torcedores entraram de
graça em dois jogos do Botafogo e dois do Vasco.
Além da inestimável perda de receitas, as gratuidades distorcem a estatística oficial do campeonato. A média de público do Brasileirão só contempla o público pagante, quando na realidade existem mais torcedores nos jogos dos cariocas:
Na hipótese de cada “torcedor gratuito”
pagar pelo ingresso, o Flamengo seria o líder de público do Brasileirão
(27.370), desbancando os 26.057 do Corinthians e os 25.810 do Cruzeiro. Fluminense (18.742), Vasco (16.068) e Botafogo (15.997) subiriam para sexto, sétimo e oitavo lugares, à frente de Bahia, Coritiba e Goiás. Ocupando quatro das oito primeiras posições no ranking, aumentaria a preponderância do futebol carioca no cenário nacional.
Um grande abraço e saudações!
E-mail da coluna: teoriadosjogos@globo.com
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