13 Clubes de maior receita faturam quase 2 bilhões de reais em 2011
seg, 14/05/12
por Emerson Gonçalves |
Muita gente acha balanço uma coisa tão
estranha, complicada, que até parece ser tudo escrito em sânscrito.
Hummmmm… E alguns são mesmo escritos em algum tipo de “sânscrito” que
tradutor nenhum consegue decifrar. Felizmente, porém, isso hoje está
mais para o folclore que para a realidade, embora a maior parte dos
balanços de nossos clubes ainda deixe muito a desejar em termos de
clareza e detalhamento das contas, tanto de receitas como de despesas.
Muita gente acha a leitura dos balanços
uma coisa chata. Eu mesmo fiz parte dessa turma durante muito tempo.
Hoje, porém, pegar um balanço de um clube de futebol é algo que me
fascina. Porque o balanço revela muito do passado e do presente do
clube. E dá as melhores pistas sobre seu futuro.
Sei que muitos dirigentes mandam fazer o
balanço apenas porque há a obrigação legal. Péssimos dirigentes, sem
dúvida. Quanto melhor o balanço, melhor será a administração do clube,
sobretudo se o balanço for visto e aceito como ferramenta de gestão,
capaz de indicar com extrema propriedade os pontos fracos e fortes, onde
melhorar, onde investir, onde cortar ou otimizar despesas.
Temos, finalmente, a safra de balanços
2011 no “ar”. Alguns já foram vistos, tanto em análise rápida desse OCE
como em highlights das análises da Pluri Consultoria. Alguns outros
ainda serão postados, de forma a termos todos, ou quase todos os clubes
da Série A com seus balanços analisados aqui no OCE. . E, acredite,
leitor-torcedor amigo, durante a temporada você voltará a esses posts
algumas vezes, seja por curiosidade, seja em busca de respostas que,
muito provavelmente, não encontrará de maneira plena e satisfatória. Mas
estamos no caminho…
Nesse post vamos conhecer e ver alguns detalhes dos 13 clubes de maior faturamento do
Brasil. Não são os 13 mais ricos. Riqueza (patrimônio) é uma coisa e
faturamento é outra. Às vezes coincidem, às vezes não. Aproveito para
lembrar ou esclarecer, também, que riqueza patrimonial e receita grande
não significam, necessariamente, marca mais valiosa. Na maioria das
vezes coincidem, mas o valor de uma marca é ditado por um conjunto de
circunstâncias e parâmetros que mudam ano a ano.
Por fim, o número 13 nada tem a ver com
o Clube dos 13, e sim com o fato de serem 13 os clubes brasileiros que
ultrapassaram a marca de 50 milhões de reais em receita
anual. Como esses clubes e suas receitas estarão em uma tabela meio
“grandinha” e com muitas informações diferentes, temos antes um texto
explicando-a e explicando e explicando seu principal componente, a
receita operacional.
Para ler a tabela
Cada um dos clubes tem a sua receita de
2011 dividida, inicialmente, em três grandes grupos que os leitores
desse OCE já conhecem sobejamente:
- Broadcasting, que
vem a ser o conjunto dos direitos de transmissão para as diferentes
mídias eletrônicas, negociados com emissoras e federações (em algumas
tabelas, por questão de espaço, será usado o termo TV);
- Marketing, que
engloba os patrocínios, propaganda em estádio próprio e o licenciamento
da marca nos mais diversos produtos, além de eventuais ações
promocionais (ainda raras);
- Bilheteria, Estádio e Sócios-Torcedores,
que compreende as receitas geradas pelos jogos diretamente, as
participações nas vendas diversas dentro do estádio, em dias de jogos ou
não e, por fim, a receita com os sócios-torcedores, ressalvando que há
hoje clubes que têm a totalidade de seus associados na categoria
“torcedores”.
O conjunto dessas três receitas compõe a Receita Operacional do Futebol.
Essa é, a rigor, a receita com que um clube ou um departamento de
futebol deve contar. É a receita diretamente atrelada à finalidade da
instituição ou departamento: jogar futebol. Operando dentro de sua
realidade operacional, conhecendo, respeitando e melhorando sua
capacidade de gerar receitas, um clube terá maiores e melhores condições
de manter-se sustentável.
Há anos esse OCE destaca esses valores,
seguindo o mesmo modelo adotado na análise dos clubes europeus. Eles
não incluem as receitas obtidas com as negociações de direitos
federativos, seja por venda, seja por empréstimo, por entender que essa
receita foge à finalidade básica de um clube de futebol, que é formar e
manter um time para jogar bola. Outro ponto importante é que as receitas
operacionais são planejáveis, ao passo que as receitas de
transferências são sujeitas ao acaso, muito mais que aos altos e baixos
do mercado. Hoje, para minha satisfação, muitos clubes brasileiros já
destacam suas receitas com a exclusão dessa conta, que, embora seja
baluarte da sobrevivência de nossos clubes, não deve, ou não deveria
servir para tal finalidade.
Essas receitas obtidas pelos clubes com as transferências de atletas ou transferência de direito federativo,
em troca do qual o clube recebe um valor determinado, aparecem na
coluna seguinte à totalização das receitas que compõem a receita
operacional.
Na coluna que vem em seguida, temos a
somatória das receitas geradas pelo futebol, agora com as negociações de
atletas inclusas. Por fim, a última coluna acrescenta outras receitas
dos clubes, como as mensalidades de sócios patrimoniais, receitas de
esportes amadores, alugueis de imóveis, etc, fechando o elenco de
receitas de um clube de futebol no Brasil.
Dito tudo isso, vamos à tabela, que posiciona os clubes de acordo com o valor de sua Receita Operacional do Futebol e não pela receita total da entidade:
A antepenúltima linha da tabela mostra
os valores totais por categoria e as duas últimas o percentual de cada
uma das categorias sobre o total da Receita Operacional do Futebol e
sobre a Receita Total do Clube.
O peso enorme da TV
Temos, por enquanto, somente 13 clubes
com faturamento total acima dos 50 milhões de reais e o que vemos é o
peso enorme da televisão, do broadcasting. Mais ainda: parte
significativa das receitas de marketing está diretamente ligada à maior
ou menor exposição de mídia que tem o clube. Como é a TV a mídia de
massa por excelência, ainda e por muitos anos, e que responde pela quase
totalidade dos direitos negociados (internet e telefonia móvel ainda
engatinham), podemos somar essas duas fontes de receitas e chegar ao
espantoso índice de 79,0% da receita operacional do futebol ter origem direta ou indireta nas transmissões dos jogos pela televisão.
Impressiona, não?
Mesmo tomando a receita total dos clubes, a participação dessas duas contas continua enorme: 56,1%.
Ora, ao ler esses índices, o que deve pensar um dirigente de futebol?
Diminuir o peso conjunto da TV na
composição de sua receita. Mais que isso: deve pensar em diminuir o peso
desses números ao mesmo tempo que precisa e deve aumentar os valores
originados ou atrelados à televisão, à mídia, tanto ppelo direitos de
transmissão como pelo marketing.
Então, como aumentar valores e diminuir seu peso na composição da receita total?
Para tanto, qual a melhor, mais rápida e pronta saída?
É a entrada do estádio.
Brincadeirinha à parte, é justamente a entrada do estádio onde o clube manda seus jogos que deve ser o alvo dos dirigentes.
Voltaremos a esse assunto. Breve.
Nenhum comentário:
Postar um comentário