Mudança de Hábito
Fonte: http://www.ricaperrone.com.br/2013/01/mudanca-de-habito/
É um novo tempo no Flamengo. Lá, onde reinava a bagunça, dizem que
agora reinará o profissionalismo. Ali onde uma torcida tinha um time
inverte-se tudo e o clube passa a cuidar de sua torcida.
Promessas, idéias, expectativa e fé. Um novo Flamengo está sendo desenhado, mas é preciso que os hábitos também sejam.
Sábado a noite Love deixou o Flamengo. Em explicação pouco detalhada
mas aceitável ficou claro que existia uma diferença entre o que o clube
quer pagar e o que o Love/CSKA tem a receber. Assim sendo, quando surgiu
a oportunidade de “zerar” mais uma dívida, o clube aceitou. Love, que
não pode aceitar redução pelo mesmo motivo que você não aceitaria em seu
emprego, foi embora.
Imediatamente surgem mil perguntas sobre. E em todas elas busca-se um vilão.
‘Quem errou?’. “Ah essa diretoria nova…”. “Cade o amor, Love?”, entre
outras piadinhas e insinuações não muito inteligentes, mas aceitáveis
diante do tema.
Porque não é uma das opções viáveis que ninguém tenha errado e que tenha sido apenas um acordo sem vítimas e vilões?
Porque é necessário colocar um fim de contrato dentro de um contexto
político, ao mesmo tempo apelar para o lado sensível do jogador e caçar
um problema em meio a uma solução?
O Flamengo não tem dinheiro, aliás, há mais de 30 anos não tem.
Agora, onde todos depositam as esperanças numa gestão mais cuidadosa, é
hora de entender decisões como estas e não caçar vilões a troco de
manchetes que torcedores não darão na segunda feira.
Quem errou, afinal?
Ninguém. Me parece uma troca simples de interesses. O Flamengo não
pode pagar, o Love tem oferta pra voltar, então que fiquem todos felizes
e acabou o amor.
Porque toda ação no futebol envolve um vilão necessariamente?
É preciso mudar de dentro pra fora mas, também, de fora pra dentro.
O Flamengo é um barril de pólvora. Não seja tonto de entrar na pilha e
jogar um fósforo ali. A mídia quer noticiar o incêndio, não ajude a
causa-lo.
abs,
RicaPerrone
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O Negócio do Flamengo São os Negócios.
por Arthur Muhlenberg |
Agora à noite me aconteceu um negócio
muito esquisito. Tava dormindo tranquilão, roncando de luz acesa e com a
televisão ligada quando fui despertado por uma voz. Uma voz conhecida,
mas que na hora não consegui identificar. Abri os olhos, tateei o lençol
até encontrar o controle remoto e desliguei a máquina de fazer doido.
Apaguei a luz e tentei voltar a dormir.
Mas a voz continuava a falar,
fantasmagórica, assustadora e sem rosto. E agora eu percebia que a voz
falava comigo. Eu, que tenho medo de filme de espírito, obviamente perdi
o sono na hora, cheio de cagaço. E a voz lá falando comigo.
- Ei, Arthur, acorda! Arthur, presta muita atenção no que eu vou te dizer.
Ô droga, a voz sabia quem eu era. E,
peraí, eu também conhecia aquela voz. Era a voz do Wolverine, que é a
mesma voz do Esqueleto do He-Man. Caraca, eu sabia quem era o dublador
que fazia aquelas vozes. Que porra seria aquela? Achei que podia ser
alguma espécie de pegadinha, sei lá. Resolvi responder, ainda cheio de
medo
- Ôi, quem tá aí? É o Isaac Bardavid? Que que tá acontecendo?
- Preste muita atenção, Arthur. Eu preciso que você transmita uma mensagem da maior importância.
Nessa altura eu já tava de pé, com todas
as luzes do quarto acesas e empunhando uma raquete elétrica de matar
mosquito como se fosse um machete.
- Mas que papo é esse de mensagem? Quem é que tá falando? É o Isaac? Onde é que você está escondido?
- Arthur, tranquilize-se. Eu não sou Isaac Bardavid. Sou a voz da verdade. E agora preciso de você.
Precisa de mim? Porra, a voz tava me
estranhando. Imaginem o Wolverine gay a fim de você? Ruim, né? Agora
imaginem o Wolverine gay a fim de você dentro do seu quarto? Pânico
total, comecei a suar frio, eu estava bem no meio de uma assombração
clássica com tendências homo. Me encostei na parede antes de fazer
contato novamente com a voz fantasmagórica.
- Quem é você, o que você quer? E se liga que eu sou espada.
- Sou a voz da verdade. E preciso de
você Arthur. Preciso que você diga a verdade aos rubro-negros. E não é
fácil, porque os rubro-negros não estão interessados na verdade.
- Verdade aos rubro-negros? Mas por que eu? Por que eu?
- Porque você tem um blog bombado no globo.esporte.com, imbecil! E preciso que você conte a verdade.
- Olha só, na boa, se for alguma parada de religião é melhor não. Esse negócio é muito complicado…
- Cale-se, Arthur! Não trago uma verdade
religiosa, isso aqui não é um remake de baixo orçamento da sarsa
ardente. Você não está sendo escolhido, ungido ou atendendo a um
chamado. Você não é Moisés. É só um mensageiro que tem um blog.
- Você tá de brincadeira. O que é que eu
tenho a ver com a verdade? Me inclui fora disso. Combinei com os
editores que ia evitar assuntos polêmicos. Me libera aê…
- Não se preocupe com a verdade. Eu colocarei as palavras em sua boca, você só precisa digitar.
Que mané verdade. Chuta que é macumba.
Depois dessa mandei a voz do Wolverine à puta que a pariu e resolvi eu
mesmo escrever sobre os últimos emocionantes acontecimentos no mundo
mágico do Mengão. Prometo que serei sucinto.
Vagner Love não foi perdido pro CSKA.
Usemos os termos exatos. Vagner Love foi devolvido ao clube de origem. E
à pedidos. Em respeito às suas inúmeras viúvas não soltarei foguetes,
mas ontem, ao saber da boa nova, paguei cerveja pra geral que me
encontrou no Simpa da Gávea.
A despeito da sua correria em campo,
Vagner Love ficou devendo nessa segunda passagem pelo Flamengo. Me
permitam um breve histórico. Love foi uma contratação emocional de
Patrícia Amorim, um tapa buraco com sobrepreço pra dar satisfação à
torcida depois da ridícula perda de Thiago Neves pro Flor.
Correu, lutou, fez alguns gols, perdeu
milhares de outros e amargou longos períodos de seca. Além de manter a
sua incrível marca de zero voltas olímpicas na 1ª Divisão Love ainda se
complicou no Flamengo e angariou antipatias com seu envolvimento nas
façanhas políticas da ex-presidente. Participou irregularmente da sua
campanha para vereadora, prática vedada estatutariamente aos
funcionários do clube, e ainda se deu ao luxo de ameaçar deixar o
Flamengo no caso de Patrícia não conseguir a reeleição no clube.
Apaporra, abusou demais.
Claro que muita gente vai dizer que foi
uma bola fora da nova diretoria, que Love era o melhor do elenco e
outros blábláblás felizmente agora inócuos para reverter a transação
com o CSKA. Foi uma boa. Love custou mais do que devia, recebia mais do
merecia e, na opinião de quem está empunhando a caneta na Gávea, seu
futebol não vale o sacrifício de um conceito gerencial. Como
profeticamente disseram Beto Gago e Zeca Pagodinho em Se Eu For Falar de
Tristeza, se a mulher foi embora é porque o amor acabou. Área!
Não satisfeitos em consignar esse
golaço, os galácticos executivos fechados com o certo resolveram dar
espetáculo e conseguiram nesse domingo sem jogo do Flamengo o que
parecia ser impossível: negociar (se livrar, despachar, desovar) o
Wellinton. No happy hour da Gávea ouviram alguém se gabando em uma mesa:
– Comprar o Ronaldinho é mole. Quero ver é vender o Wellinton. O
Gustavo Geladeira que se cuide pra não acabar sendo vendido pra um time
do Alaska. Vendedor capaz dessa proeza nós já temos.
Meus chapas, não se deixem levar pelo
amargo canto dos catastrofistas que já anteveem não somente um péssimo
desempenho do Flamengo no carioqueta como também seu iminente
rebaixamento no Brasileiro. Só porque o Flamengo livrou-se de despesas
que estavam muito acima da sua real capacidade de pagamento. Quem quer
fazer rir tem que fazer os outros rirem.
Tenho certeza que com essas duas
descontratações tem gente no clube e na Magnética que vai rir até o fim
do mês. Principalmente se dessa vez o mês terminar mesmo no dia 30.
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