Os esportes olímpicos do Brasil historicamente passam
por grandes dificuldades de financiamento. Os clubes mantêm quase que
heroicamente o processo de formação de atletas, com o suporte dos
recursos advindos de escolinhas, patrocínios de empresas e leis de
incentivos / convênios oferecidos pelo poder público.
O
enorme sacrifício de abnegados atletas e a persistência dos clubes
produziram o atual estágio do esporte olímpico brasileiro, apesar da
escassez de recursos praticamente para todas as atividades. No clube,
todas as sementes são plantadas, desde as escolinhas até o estágio
profissional, passando por grandes investimentos nas categorias de base.
As seleções, organizadas por federações e confederações, basicamente em
épocas de grandes competições, representam apenas uma nata minoritária
de um conjunto muito mais amplo que nasce e cresce nos clubes todos os
dias. Esses milhares de atletas e profissionais de comissões técnicas,
que são apoiados por iniciativas dos clubes, às vezes até fora do
conceito de responsabilidade financeira, se transformam, na maioria dos
casos, em cidadãos que criaram no esporte sua segunda família.
Em
2009, oito clubes reconhecidamente formadores de atletas – Flamengo,
Minas Tênis Clube, Fluminense, Pinheiros, Corinthians, Grêmio Náutico
União, Vasco e Sogipa -fundaram o CONFAO (Conselho de Clubes Formadores
de Atletas Olímpicos) no âmbito da CBC (Confederação Brasileira de
Clubes), iniciando uma árdua luta para conseguir ajuda direta da
arrecadação das loterias para o financiamento do desenvolvimento de
novos campeões. Foram anos de esforços e peregrinações durante a
tramitação e aprovação no Congresso Brasileiro da nova Lei Pelé
(março/2011) e mais um tempo extenso até a regulamentação presidencial
(abril/2013), que culminou com a conquista do acesso à receita
equivalente a 0,5% da arrecadação das loterias federais para a formação
de atletas olímpicos e paralímpicos no Brasil.
No
entanto, este fato transformou-se recentemente em preocupação. Durante o
período transcorrido entre a aprovação da lei e o decreto
regulamentador, foi criada uma comissão para propor regulamentação
interna da CBC quanto à distribuição de recursos. Esta comissão enviou
aos 170 Clubes associados da CBC um questionário, cuja compilação de
todas as informações resultou em uma proposta com critérios justos e
abrangentes para todos, contemplando os objetivos da Lei. Este relatório
final consolidando as pretensões dos clubes, objetivando a arrecadação
de recursos para a formação de atletas em diversos níveis, foi enviado à
CBC. Porém, surpreendentemente, tal documento foi inteiramente
desconsiderado pela nova direção da entidade na sua proposta final de
distribuição dos recursos.
Neste final de semana, em
Campinas, a Confederação Brasileira de Clubes convocou assembleia para a
votação dessa proposta para divisão de recursos, em desacordo com
alguns princípios que visam a formação de atletas no texto legal e os
interesses dos clubes formadores. O documento aprovado posteriormente
será encaminhado ao Ministério dos Esportes. Em função da estrutura
corrente de manutenção do poder montada pela direção atual da CBC, será
quase impossível reverter a situação.
Portanto, os clubes formadores:
1- Não reconhecem a atual Diretoria da CBC como representantes dos clubes formadores de atletas olímpicos e paralímpicos. Em processo pouco transparente, com indícios de irregularidades e ao arrepio da verdadeira democracia, essa Diretoria foi eleita em março/13, em sufrágio com chapa única sem a participação da maioria dos clubes formadores de atletas.
2- Receberam, surpreendentemente, somente no dia 8/7/13, a importante e complexa matéria que regulamenta a distribuição de recursos. A situação é agravada pela indefinição de parâmetros objetivos, para aprovação no dia 13/7/13, prazo extremamente exíguo para qualquer tipo de análise, o que faz não concordarmos com este procedimento;
3 - Solicitaram audiência com o Excelentíssimo Ministro dos Esportes Aldo Rebelo, para a exposição dos problemas que os Clubes Formadores de Atletas estão enfrentando, em razão dos aspectos acima relacionados.
Os clubes que investem e sempre formaram atletas continuarão lutando diariamente para o crescimento do Esporte Olímpico e Paralímpico Brasileiro.
Subscrevem os Clubes Fundadores do CONFAO:
Clube de Regatas do Flamengo
Esporte Clube Pinheiros
Fluminense Football Club
Grêmio Náutico União
Minas Tênis Clube
Sport Club Corinthians Paulista
E a Presidência do Conselho Superior da Confederação Brasileira de Clubes (CBC)
Iate Clube de Brasília
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