Locutores lembram curiosidades envolvendo o gol de Petkovic
Luís Roberto, Luiz Carlos Júnior e José Carlos Araújo contam em detalhes os momentos que ainda emocionam a torcida rubro-negra
Há exatos dez anos, uma cobrança de falta, aos 43 minutos do segundo tempo, mudou o rumo de uma partida, deu um tricampeonato estadual ao Flamengo, transformou um sérvio em ídolo e emocionou milhares de pessoas que contemplaram o feito. Os torcedores rubro-negros nunca se cansam de assistir àquele lance, protagonizado por Petkovic e que deu a vitória por 3 a 1 sobre o Vasco em 2001. E cada narração daquele gol reserva uma história diferente não só para o público, como também para os próprios locutores.
Luís Roberto, Luiz Carlos Júnior e José Carlos Araújo contam a seguir como viveram aquele domingo: os momentos antes da cobrança de falta e a narração do gol e do título rubro-negro.
Luís Roberto, da TV Globo: 'Em cobrança de falta, a pessoa para em casa e vê'
- Na chegada ao Maracanã, vi uma pessoa com um cartaz onde estava escrito 3 a 1. Provavelmente tinha cartazes de todos os placares, mas o que eu vi foi aquele, com o 3 a 1, e fiquei com isso na cabeça. O jogo se desenvolveu de uma forma muito legal para narração. Por ser um gol de falta, de bola parada, a jogada é configurada e dificilmente o locutor vai errar. E em cobranças de falta, de pênalti, a pessoa em casa para e vê. É um gol sem ruído. A nossa cabine era bem daquele lado, de frente para onde o Pet se jogou no gramado. Lembro-me do Zagallo indo comemorar... O mais legal é o delírio. O Maracanã já tremia mesmo, era normal, mas foi um frisson. O gol entrou para a história. Em proporções, talvez aquele gol tenha marcado mais que o do Angelim, no título brasileiro (em 2009).
Luiz Carlos Júnior, do SporTV: 'Paravam ao meu lado e diziam 'reza Alessandro''
- Eu sabia que o Pet batia bem. Você sente que o lance é perigoso, e a sensação era de que dificilmente teria outra chance como aquela. Podia ser o momento do título tanto para o Flamengo como para o Vasco. Foi um gol histórico. Tornou-se um dos mais emocionantes que já narrei. A narração é uma coisa muito no reflexo, vai da nossa sensibilidade do momento. Não é nada premeditado, você simplesmente vai e faz. Geralmente falo primeiro o nome do time e logo em seguida o nome do jogador. Mas, naquele gol, fiz uma pequena pausa antes de falar o nome do Pet. Isso acabou deixando o ritmo um pouco diferente e ficou só a torcida de fundo. Ao longo dos anos essa narração foi muito acessada no Youtube e, se não me engano, o vídeo na internet começa comigo falando “reza Alessandro”. E durante muito tempo as pessoas paravam ao meu lado e diziam “reza Alessandro” e “que golaço do Pet”. Mas eu não me lembrava da minha narração e não associava uma coisa a outra. Um dia resolvi perguntar e a pessoa me explicou que estava repetindo a forma como narrei aquele gol.
José Carlos Araújo, da Rádio Globo: 'Nessa hora a gente extravasa, extrapola'
- Eu me lembro do Pet colocando a bola no ângulo esquerdo, o Helton ainda tocando na bola... Por ser quase no fim, a expectativa é maior do que se fosse no início de um tempo, e ficou marcado por isso. Não era como o gol mil do Pelé, que o Waldir Amaral se preparou para narrar. Foi um negócio surpreendente, podia dar tanto para um lado como para o outro. Nessa hora a gente extravasa, extrapola... É o que a torcida espera da gente nesse momento. A torcida que conduz a transmissão. Mas naquele momento você não está torcendo, você é apenas um instrumento para transmitir a emoção do lance. (Os últimos minutos) eram praticamente de ovação, comemoração... Como se já tivesse acabado naquele momento (da falta).
Lembro que na hora da falta, no alto de meu nervosismo,vendo o título ir embora, eu segurava um copo de água com uma mão e na outra o controle remoto da tv.Parei, como se tivesse sido paralisado, não bebi nem movi o contole, não sai do lugar, apenas esperei a cobrança que pra nossa felicidade foi perfeita.Minha explosão foi tamanha, que o copo e o controle remoto da tv sairam voando da minha mão expontãneamente e tiveram como destino o chão e a parede respectivamente...3 pontos no pé depois por ter pisado nos cacos de vidro mas feliz por ter presenciado aquela sena,mesmo que pela tv...hoje escrevendo este comentário me veio um pensamento: AQUELA FOI A ÁGUA QUE EU NUNCA VOU BEBER!!
ResponderExcluir